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11/04/12

Fuja da fofoca no trabalho - Revista Claudia

Investigamos o que há por trás da vontade compulsiva de fofocar pelos corredores. Veja como virar o jogo a seu favor sem ficar refém da panelinha.

Marcia Kedouk / Reportagem Heloísa Noronha -  30.06.2011

Que ninguém nos ouça: todo mundo faz comentários sobre a vida alheia. Mas falar é bem diferente de questionar a reputação ou o caráter de alguém, certo? Ainda mais quando a prática vira hobby. Se você não abre os olhos, fecha os ouvidos e administra as palavras, acaba envolvida na indústria da fofoca, como agente ou vítima. A boa notícia é que dá para desativar a linha de produção ou até tirar proveito dela.
Por que as pessoas fazem fofoca?

Desmotivação
Dois motivos clássicos levam um funcionário a perder o brilho nos olhos e começar a fofocar: falta de promoção e de aumento de salário depois de certo período. Mas há um terceiro que nem todo mundo nota, que é a repressão. "Pessoas tidas como fofoqueiras são, em geral, mais extrovertidas do que as outras", diz o consultor em gestão de pessoas Eduardo Ferraz, autor de Por Que a Gente É do Jeito Que a Gente É? (Gente). Quem é mais vibrante pode se sentir tolhido caso o ambiente profissional seja cheio de normas e regras.

A disseminação
"Insatisfeito, o fofoqueiro passa a praticar uma espécie de bullying adulto para encontrar sentido na rotina. Ataca os 'diferentes', como aqueles que estão satisfeitos ou que têm características físicas peculiares", avisa Ferraz.

O antídoto
Se desmotivação não é com você e a panelinha atacar, entenda como prova de que sua carreira está no trilho certo. Os pontos que os outros criticam podem ser os trunfos que fazem você se destacar na multidão.

Comunicação falha
A comunicação interna deficiente também é um dos principais detonadores da fofoca no trabalho. Se a informação é transmitida a um número restrito de pessoas, vai valer ouro nas mãos - ou melhor, na boca - daqueles poucos que a detém.

A disseminação
A gerente divide apenas com a pupila que haverá corte de custos. Esta conta para a melhor amiga, que pede segredo à outra, que comenta... O telefone sem fio vira: "Metade da empresa vai ser demitida".

O antídoto
Ir direto à fonte demonstra maturidade. Tendo abertura, você pode contar ao chefe quais são os rumores - sem citar nomes - e perguntar se seu trabalho é visto com bons olhos. "A conversa vira feedback que outros funcionários, perdidos em fofoquinhas, jamais terão oportunidade de aproveitar", pontua o consultor de empresas Eduardo Shinyashiki. Esclarecido o assunto, corte o boato quando ele voltar aos seus ouvidos.

Inveja
A inveja é como uma bactéria: precisa de um ambiente propício para se instalar. E nenhum habitat é mais convidativo para a fofoca do que uma empresa que faz da competitividade entre os colaboradores sua marca. Não significa que todo competidor seja invejoso, claro, mas aquele que não confia no próprio taco assume esse papel. Vive amargurado porque não tolera o sucesso alheio e chega a fazer birra. Se o outro tem e ele não, solta comentários maldosos do tipo: "Só chegou lá porque saiu com o diretor".

A disseminação
"O brilho alheio desencadeia um sentimento de irritação rancorosa", observa a psicóloga Dorit W. Verea, diretora da Clínica Prisma - Centro de Tratamento Intensivo para Transtornos Emocionais, em São Paulo. É uma autodefesa.

O antídoto
Ao ser alvo desse tipo de fofoca, a saída inteligente é ter frieza e equilíbrio. Não precisa pedir desculpas ou justificar que merece os frutos colhidos nem ficar de conversinha com o alto escalão só para mostrar que chegou lá. Sucesso não se explica, se conquista.

Vontade de agradar
"Por favor, me aceite!", parece gritar a colega da sala ao lado ao surgir com aquela notícia bombástica. Pessoas que pecam pela vontade de agradar são extremamente carentes e desejam compartilhar a informação que receberam para se sentir parte de uma turma. Isso ocorre provavelmente porque se consideram deixadas de lado.

A disseminação
Geralmente, os carentes profissionais não iniciam a fofoca; são meros agentes difusores. "Querem mostrar acesso a informações privilegiadas", diz Marcia Bandini, diretora da Associação Nacional de Medicina do Trabalho.

O antídoto
Estar no centro das atenções tem um preço, mas pode ser compensador. Quando você é o alvo, vale demonstrar - não precisa dizer nem adotar um ar superior - que seus ouvidos têm melodias melhores do que fofocas para escutar. Um simples "Querida, preciso ir" coloca ponto-final e deixa claro que sua energia está focada em progredir. Essa atitude conta muitos pontos a favor da sua imagem.

Etiqueta na selva do escritório
• Mesmo que você não frequente os corredores, evite soar antipática ao cortar um comentário desagradável de um colega. Relacionar- se com todos é uma arte. Sorrir e mudar de assunto é a melhor estratégia.
• Caso ocupe posição de chefia e alguém da equipe contar que há boatos a seu respeito, diga que vai averiguar. Se for necessário, convoque uma reunião para esclarecimentos.
• Quem decide tirar satisfação com o suposto fofoqueiro acaba enaltecendo a fofoca, tornando-a mais forte e poderosa. Se for bobagem, fique na sua.
• Quando uma fofoca grave envolver seu nome ou deixá-la preocupada, não hesite em conversar com seu gestor ou com algum representante da área de Recursos Humanos.
 

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