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18/02/13

O homem que amava celulite e estrias - Eduardo Aquino

MEU AMIGO E COMPADRE "JACI COTA" LEU, GOSTOU E ME INDICOU A LEITURA, TB ADOOOOOREI E POSTEI!!! VALEU COMPADRE!
Conta a lenda que seu nome era Miguel, nome de anjo, batalhador contra as forças do mal. Mas o certo é que quem o conhecia logo dizia: "Êta Miguel gente boa!" Sempre foi assim. Mesmo quando tímido e "CDF", recusava a passar "cola" alegando que ficava tão vermelho que a professora ia desconfiar. Nada de droga, de bebida, só aos 25 quando na formatura de Comunicação, quando a terceira das quatro únicas namoradas firmes que teve o obrigou beber champagne e nessa noite conheceu o motel e perdeu a virgindade, tudo de uma vez só!

Timidez que cedeu lugar a uma pessoa animada, culta, com tiradas engraçadas. Todos adoravam ouvi-lo, era muito sociável, afetivo, logo se tornou referencia na área de recursos humanos, com palestras, livros, vida acadêmica, doutorado no exterior.

O paraninfo mais solicitado dos alunos que - imaginem - lotavam suas aulas as sextas à noite e sábados pela manhã! E ninguém podia imaginar, o professor Miguel era antissocial, caseiro, ermitão. Suspiro das funcionárias, paixão platônica das alunas e ele sempre com namoradas firmes, fiel e morando sozinho no "apê" com vista pro mar "mas de longe", e brincava "E em Niterói pra ver o Rio de camarote".

E, naquela esquina da vida, surpresas do destino. Santos Dumont lotado, voo atrasado, lendo o romance "O morro dos ventos uivantes", ouve a voz emoldurada por um sorriso inenarrável, que soou como um chamado divino, "Vi o filme!". Tem coisas que param o tempo e o espaço. Eternizam e fazem do acaso um dejà vu. Ela arrombou o coração dele, invadiu sua mente e de forma suave e definitiva se instalou em sua alma.

Débora, aquela bailarina do Municipal agitada e meiga, se é que alguém pode ser o oposto do avesso, ou o contrário da mesma coisa, fez um balé de pensamentos, emoções, desejos. Após sete anos já casados, idas e vindas de um casal de viajantes, cursos e palestras dele e ela com apresentações, ensaios, viviam a distância próxima de uma lua de mel inesgotável. Diferentes em tudo, mas com afinidades incríveis, complementaridade, confiança e respeito. Então os filhos, veio o primeiro com implacável depressão pós-parto e a constatação, ela não tinha o dom da maternidade e sim o amor do cuidado a cria. Nervosa com casa, filho, 30 kg ganhos, estrias, baixa autoestima. E Miguel a amava, com "pneuzão", peitão, muita estria e um bebê lindo.

Menos de oito meses, outra gravidez! Ela quis morrer, ameaça de aborto, eclâmpsia, sete meses na cama e uma linda garotinha. Adeus bailarina, corpo escultural, apresentações. Quatro anos deprimida e Miguel pai e mãe, reduziu atividades, vendeu bens e.

Amava aqueles raros sorrisos e a voz da sua deusa e musa. O tempo passa e agora comemoram 25 anos de casamento, ela professora de dança de salão, filhos adolescentes, adolescendo. E o professor Miguel "gatão de meia idade", desviando-se das "piriguetes", ora alunas, ora empresárias ou "amigas" da esposa Débora. Só existe olhar para ela, sua musa. Nas palestras professor Miguel dizia: "Paixão é vício, causa dependência, dor abstinência, enlouquece, é quente, ferve, vicia, adoece, mata e termina em aversão ou indiferença. Mas amor gente (e sentia emoção ao falar da sua sempre Débora), amor é outra história! É algo que gera admiração, acolhe, consola, acalma, renova e é eterno! Ah!! Não se esqueçam, brincava, amor verdadeiro é a prova de celulite, estria, bunda caída, homem barrigudo ou careca! É conteúdo, transcendência, história pra contar pros bisnetos! " Falou professor Miguel! Felizes sejam o senhor, a D. Débora e os meninos!

(Dedicado aos que amam e acreditam no verdadeiro amor. Aos que não encontraram, que não desistam! E uma dica aos românticos - o filme "Um dia").

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