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03/10/12

UM SONHO DE AMOR PERFEITO - Gilberto Mendes


Ele a amou dentro de um instante e este instante se construiu para sempre, ainda que o para sempre tenha sido apenas um sonho de amor perfeito.
Quando se ama uma mulher verdadeiramente, ainda que este amor não se realize, ele deixa marcas tão profundas no homem que elas seguirão com ele vida afora. Não importa o quanto se amou e como se amou, as pessoas são diferentes e o jeito de amar de um não se compara ao do outro. Amor não foi feito para ser medido, pesado, mensurado em tabelas e comparações que aos olhos do sentimento soam tolas e sem nexo.
Amor, o que és tu que tanto se sente e não se explica?
Sei que para ele o amor que sentiu por ela sempre foi especial, mágico, poético, amou-a no espírito, jamais somente no corpo.
Ele ainda se lembra de seus beijos, da boca pequena dela esmagando seus lábios carnudos.
Ele ainda se lembra de como os abraços conseguia arrebatá-lo para um estado de encantamento perfeito. Com ela nos seus braços, o mundo era apenas um palco onde dançava uma canção romântica com ela.
Ele ainda recorda de como as conversas com ela o deixavam entretido e interessado, ela tinha uma inteligência aguçada.
Ah! Seu jeito de olhar, sua feminilidade, sua suavidade e meiguice, sua educação e boas maneiras singulares, sua aparente fragilidade, seu pezinho pequeno que exigia que comprasse seus sapatos na ala infantil, tudo nela era diferente, extraordinário e o encantava profunda e verdadeiramente.
Mas, ainda que o amor seja perfeito e intenso, por vezes, e, igualmente sem explicação, ele não se consuma.
Não existem vilões, nem pecados, nem imperfeições maiores que as naturais que envolvem homens e mulheres. Ele simplesmente não acontece.
O amor parece ser um bicho que realmente se move por vontade própria, captura o que quer, quando e como quer, e somente permanece se quiser ficar... se não, vai embora, deixando para trás a terra que semeou completamente devastada.
Ele sofreu um tanto, e, depois outro tanto, quando soube de algum jeito que o amor deles não se consumaria. Soube igualmente, que amaria de novo, de novos modos, novos rostos e corpos, porque o amor se renova e se transforma, nunca é igual. Sempre soube, também que, igual a ela, nunca mais...
E, quando ela partiu num velho ônibus para a capital, numa tarde qualquer de um verão qualquer, ele reconheceu que o que viverá fora um amor perfeito... ainda que não se consumará, ainda que ela não seguisse com ele por toda a vida, ainda que a partir dali fossem dois estranhos, ele soube que viverá um amor perfeito...
... e, amores perfeitos, seguem com a gente pela vida toda.

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