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04/06/12

A MULHER E SUAS GORDURINHAS - FERNANDA MELLO



Há dois tipo de mulheres no mundo: as que tem medo de engordar. E as que nos matam de inveja. Exagero meu? Pois bem. Se você é uma sortuda que nunca se preocupou com a balança (e ainda não tem celulite), então peço já que pare de ler este texto. (E nem fale mais com a gente, obrigada!).

Manter o peso ideal é, para as mulheres, algo como descobrir a cura de uma alguma doença grave ou até mesmo acabar com o efeito estufa no planeta. Difícil, quase impossível. Não, por favor. Não somos fúteis, não pensamos só em aparência. Lemos Rimbaud. Declamamos Bob Dylan. Conhecemos a vida dos pintores renascentistas. Meditamos 10 minutos por dia. Mas tomamos leite condensado na lata. Somos gulosas pela vida. E por tudo que leva chocolate. O que não queremos (pra ser bem sincera) é ver o efeito estufa instalado em nossos abdômens. Nem em nossos bumbuns.

Antes de começar a escrever esse texto, eu tinha como tema algo inteligente como “é preciso ter alma leve”, mas... querem saber? Eu estou de dieta. Pão integral, iogurte desnatado, aquela baboseira toda de grapefruit (onde já se viu alguém comer isso, gente?)

Vivo numa sociedade que tem uma padrão estético nas alturas, então, por favor. Me deixem querer ser leve por dentro e por fora, não quero fazer pose de “sou Cult, só uso preto, só escuto Velvet Underground e não ligo pra ter pança”. EU LIGO.

Óbvio que não sacrifico minha saúde para ficar bonita, mas me encontro, no presente momento, em Rehab pelo meu último vício adquirido: as infernais balas Dadinho. Alguém já colocou aquilo na boca? Pois então. NÃO COLOQUEM. O vício é certo, depois da 4ª vez, você sempre irá querer mais. E mais... E o dinheiro vai... A gordurinha vem. Até que um amigo seu das antigas (que passou um mês viajando) te encontra e pergunta: tá bonita, engordou um pouquinho? PRONTO. Acabou o mundo. O humor. Mesmo tendo um namorado que sempre acha que eu posso engordar um tiquinho (homem fala que tem que ter ONDE pegar, nunca entendi isso. Eu posso estar seca e ter um TANTO de lugar pra ele pegar, se é que vocês me entendem).

Antes que vocês me chamem de louca (por eu não sou gorda e etc e tal), eu vou informa-las: eu não ESTOU gorda. Mas posso vir a ficar se desandar a comer do jeito que eu gosto. Eu não tenho esse metabolismo acelerado que as modelos dizem ter (pra mim isso se chama mais “dedo na guela” que outra coisa). Se eu não estou gorda é porque eu só como bobagens nos finais de semana e malho feito uma condenada todos os dias. Só pra ter o prazer de devorar um pote inteiro de Haagen-Daz sem o menor peso da consciência. E jantar direito com meus amigos (que, por sinal, comem tão bem quanto eu).

Bom, o que eu quero dizer com tudo isso? Sinceramente, NADA PROFUNDO. Só quero desabafar e dizer que dieta é um saco, que queijo Cotagge é a pior coisa do mundo, que pós de proteína me dão ânsia de vômito e que um nutricionista que manda você colocar UMA rodela de tomate e orégano em cima de UM biscoito de água e sal como “lanche da tarde” deve ser mandado pro Umbral (aquele lugar medonho, do filme Nosso lar).

Em resumo, é isso. Eu admiro DE VERDADE quem se sente bem com qualquer peso, mas estou a léguas de ser tão bem-resolvida. Também não vou me rebelar contra os padrões, já que só comi 600 calorias até agora e estou com um sono danado.

Pra você, magra de ruim, que come tudo o que vê pela frente e não engorda... Pra Camila, que nasceu com aquele corpo incrível... E pra você, mulher cheinha e bem-resolvida, que come até falar chega, engorda e ainda se sente SUPER BEM, eu só tenho uma coisa pra dizer: EU MORRO DE INVEJA DE VOCÊS.

Bitches!

Obrigada pela atenção.

PS: Esse texto me deixou tão relaxada que resolvi comemorar com 5 maravilhosos canudinhos de doce-de-leite. FODA-SE!



‎"Cuide-se como se você fosse de ouro...
Ponha-se você mesma de vez em quando numa redoma e poupe-se."
(Clarice Lispector)


 

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