Ele a amou dentro de um instante
e este instante se construiu para sempre, ainda que o para sempre tenha sido
apenas um sonho de
amor perfeito.
Quando se ama
uma mulher verdadeiramente, ainda que este amor não se realize, ele deixa marcas
tão profundas no homem
que elas seguirão com ele vida afora. Não importa o quanto se amou e como se
amou, as pessoas são diferentes e o jeito de amar de um não se compara ao do
outro. Amor não foi feito para ser medido, pesado, mensurado em tabelas e
comparações que aos olhos do sentimento soam tolas e sem
nexo.
Amor, o que és tu
que tanto se sente e não se explica?
Sei que para ele o
amor que sentiu por ela sempre foi especial, mágico, poético, amou-a no
espírito, jamais somente no corpo.
Ele ainda se lembra
de seus beijos, da boca pequena dela esmagando seus lábios
carnudos.
Ele ainda se lembra
de como os abraços conseguia arrebatá-lo para um estado de encantamento
perfeito. Com ela nos seus braços, o mundo era apenas um palco onde dançava uma
canção romântica com ela.
Ele ainda recorda de
como as conversas com ela o deixavam entretido e interessado, ela tinha uma
inteligência aguçada.
Ah! Seu jeito de
olhar, sua feminilidade, sua suavidade e meiguice, sua educação e boas maneiras
singulares, sua aparente fragilidade, seu pezinho pequeno que exigia que
comprasse seus sapatos na ala infantil, tudo nela era diferente, extraordinário
e o encantava profunda e verdadeiramente.
Mas, ainda que o
amor seja perfeito e intenso, por vezes, e, igualmente sem explicação, ele não
se consuma.
Não existem
vilões, nem pecados, nem imperfeições maiores que as naturais que envolvem
homens e mulheres. Ele simplesmente
não acontece.
O amor parece ser um
bicho que realmente se move por vontade própria, captura o que quer, quando e
como quer, e somente permanece se quiser ficar... se não, vai embora, deixando
para trás a terra que semeou completamente devastada.
Ele sofreu um
tanto, e, depois outro tanto, quando soube de algum jeito que o amor deles não
se consumaria. Soube igualmente, que amaria de novo, de novos modos, novos
rostos e corpos, porque o amor se renova e se transforma, nunca é
igual. Sempre soube, também que, igual a ela, nunca mais...
E, quando ela partiu
num velho ônibus para a capital, numa tarde qualquer de um verão qualquer, ele
reconheceu que o que viverá fora um amor perfeito... ainda que não se consumará,
ainda que ela não seguisse com ele por toda a vida, ainda que a partir dali
fossem dois estranhos, ele soube que viverá um amor perfeito...
... e, amores
perfeitos, seguem com a gente pela vida toda.
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